Num poema inspirado, o poeta Afonso de Sant’Anna pergunta que País é este? Música de sucesso na década de 90 e atual nos dias de hoje.
Faço minhas suas indagações a ver o Brasil sem rumo, perdido dentro dos seus próprios problemas, sem um rumo, um timoneiro, uma voz forte. Sem um líder que pegue a onça pelo rabo e devolva a esta Terra de Santa Cruz o pouco de paz e a ordem que agora é apenas uma palavra na bandeira.Que País é este onde uma crise aérea dura um ano? Onde o que deveria ser um incidente de percurso se transforma numa rotina enfadonha de adiamentos, acidentes, vidas perdidas e nos trazem a visão clara de um governo desgovernado onde todos mandam e ninguém obedece, onde todos palpitam principalmente sobre o que não sabem e ninguém encontra uma solução para uma coisa que em outros países é simples como o tráfego aéreo.Que País é este onde uma ministra, sexóloga aposentada, manda que a população relaxe e goze nas noites frias dos aeroportos, nas cadeiras duras da espera e nem por isso sofre sequer uma reprimenda. Que País é este onde altos assessores da Presidência usam gestos baixos para comemorar a morte de quase duzentas pessoas e depois pedem desculpas. Que País é este onde a Aeronáutica é afastada de um inquérito sobre acidentes aéreos e o processo termina nas mãos da polícia.Que país é este onde a pista recém-construída se desmancha na chuva, os pilotos discordam do aeroporto e os controladores de vôo fazem chantagem com vidas humanas? Que País é este onde o ministro Mantega credita ao desenvolvimento esses massacres aéreos e o ministro da Defesa manda ter fé e rezar?
Fico me perguntando como devem rir de nós lá fora, rir de um Brasil que depois de Santos Dumont desaprendeu a voar, desse Brasil onde todo dia se arriscam vidas inutilmente, desse Brasil onde um metalúrgico assumiu a cadeira de piloto e nos leva a um vôo cego, sem esperanças, sem destino e principalmente sem final.
