MEMÓRIA CULTURAL - MCTA 31 ANOS....



Teatro da FEC - historinha policial

Temporada da peça “ Fim de Carreira, Galiléia”. Mais de 400 pessoas, no Auditório da FEC. Faculdade de Educação e Cultura . Universitários concentrados. A peça era um resultado dos últimos dias de vida do marginal Wilsinho Galiléia, morto pela polícia aos 18 anos com 18 tiros... Virou especial na Rede Globo e não foi ao por problemas com a censura. A maldita!!!! Aplausos gritaria e Dispersão.
Logo em seguida, dois carros da polícia, cinco policiais mal encarados, param na frente da faculdade e entram. Querem parar a encenação, que já tinha terminado, certa pressão no ar.
O clima pesa.
Entram e eu começo a argumentar. Veja bem, não é bem assim. Denúncia de quem? Os estudantes que haviam ficado para o debate, começam vaiar. Eu, Lira, tento argumentar até que um dos tiras (Iliomar Daronqui), pede calma e solicita a suspensão.... Nessa defesa e suspense, entra o falecido Mauricio Gobbi, Muito senhor de si, vem defender a gente. São gente do bem, pessoas sérias de teatro, senhor policial. E sai.
Fica um silêncio. Os policiais amaciam, parece que muda alguma coisa. Um dos policiais, o que tinha cara mais antipática, (não lembro o nome), quase vira um estudante e pergunta baixinho prá mim:
- Eu vi a peça....
- Como? - sem entender nada.
- Que bordoada no governo e na polícia!
- É.
Ele devia ter uns vinte, vinte e cinco anos. Ele viu a peça, na sua estréia em Diadema. Ele curtiu!
Os cinco policiais, se olham e conversam baixinho. Saem felizes pela porta que antes tinha sido motivo de mau humor.
A arte do ator tinha derretido dois corações da lei. Isso aconteceu na década de 80.