DICA DE TEATRO - O DESEJO É MAIS FORTE


Gustavo Haddad como michê de luxo e nu em espetáculo de João Silvério Trevisan

Escrita por João Silvério Trevisan e dirigida por Antonio Cadengue, a peça, que faz parte do projeto E se fez a Praça Roosevelt em sete dias, é um monólogo com intensa interpretação de Gustavo Haddad, que vive um michê de luxo.

por Gustavo Ranieri

Quinta-feira Santa regada ao desdobramento da dor através de uma sessão sadomasoquista. É essa a temática do espetáculo teatral Hoje É Dia do Amor, que estréia nessa sexta-feira, dia 6 de abril, em São Paulo.

Escrita por João Silvério Trevisan e dirigida por Antonio Cadengue, a peça, que faz parte do projeto E se fez a Praça Roosevelt em sete dias, é um monólogo com intensa interpretação de Gustavo Haddad, que vive um michê de luxo. O personagem diz que, na Quinta-feira Santa, Cristo instituiu o "dia do amor", e para viver essa experiência ele fica acorrentado nu a uma cruz, enquanto evoca trechos bíblicos e tenta desconstruir o sentido da dor.

Em entrevista ao G Online, Trevisan contou que pretende causar com essa peça um sentimento de estranhamento. “Um sentimento de estranhamento porque não há como propor esse diálogo com a peça estabelecendo todo o contexto, toda a cena e o que acontece ao redor dela. É uma peça de impacto, um estranhamento através do qual eu estou devolvendo aos espectadores o que eles poderiam me perguntar. Eu suscito uma pergunta e a devolvo no final. Assim, a peça começa com um espelho e termina com um espelho enorme, para que os espectadores se contemplem, no sentido de se confrontarem com as suas próprias dores”, explica.

Segundo Trevisan, que é colunista da G Magazine, o espetáculo não é inspirado em um fato real, mas é uma homenagem ao jornalista João Xavier (o jovem que foi discriminado, junto com o namorado, no Shopping Frei Caneca, em 2003, em São Paulo, fato que gerou o histórico beijaço público nas dependências do shopping no mesmo ano).

“Eu tinha uma enorme admiração pelo João e não consegui digerir essa saída de cena dele (João Xavier se suicidou recentemente). A coisa então ficou machucando tanto que a peça saiu como uma reação ao suicídio do João”, revela o escritor.

Esse suicídio está intrínseco no espetáculo, de acordo com Trevisan. “Meu personagem celebra o dia do amor, mas por conta da notícia de um amigo que se matou. É pra isso que eu utilizo a cena de sadomasoquismo que sempre acontece à beira do abismo, que é uma cena de grande radicalidade e por isso é uma experiência de valor de revelação.

Além de ser encenado, o texto de Hoje É Dia do Amor fará parte do livro E se fez a Praça Roosevelt em sete dias, que contará com o texto de sete dramaturgos.

Fonte: G Magazine



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